A transformação só parece acontecer com a dor -
a dor das tragédias vividas por povos que são mutilados nas suas mais trágicas reviravoltas que a vida na guerra traz. A dor espalha pelo mundo suas entranhas, revolvendo do íntimo o último suspiro que nega a paz. A dor da morte e da fuga, embaraçadas pelas fronteiras, consomem o ar e o sentido das fileiras de famílias que se espalham por terras em busca de um lar.
A guerra é a transformação da vida em dor. Os conflitos se espalham e povos, que na intermitência das décadas se acostumaram a eles, chegam no limite da imposição da violência e se espalham, eles mesmos, pelo mundo próximo. Os que podem financeiramente, buscam abrigo em países longínquos. A grande maioria parte caminhando em busca da ajuda do seu vizinho.
Mas nada parece,aos olhos de quem de longe avista a multidão, trazer luz aos refugiados das guerras e temores de sua terra natal. Durante a travessia, o coração esperançoso se desgasta e a fé se acaba. É o fim da linha para muitos. É o início da jornada de buscas para tantos outros. De buscas pela vida ou a retomada dela. A oportunidade de se manter vivo é a motivação para estas pessoas imersas na dor.
Quanto mais se pensa em direitos humanos, mais os laços se desfazem ao redor do mundo com graves incidentes de violação dos mesmos. Na imensa cratera onde vivem os torturados pelas guerra civis, pelo terrorismo e pelos desmandos de governantes, estão as famílias que procuram fugir para um mundo sem terrores e buscam contribuir para o crescimento do país que as acolherem.
A mestiçagem de crenças vai questionar a real necessidade do ser humano e unir os pensamentos ainda não adaptados à vida em comunidade de livre conceito religioso. Talvez esta migração seja o princípio do entendimento entre as religiões.
São tantos os questionamentos em torno da dor alheia, que passa a doer. Na voracidade das ideias sobre qual procedimento cada país deve tomar, começamos aí a enxergar preconceitos caindo por terra e abrindo os braços para uma nova caminhada rumo ao futuro de mesclar o mundo como dever ser - globalizado não só na sua economia ou tecnologia, mas no acolhimento de povos e culturas estranhos a sua compreensão.
A transformação vem com a dor e gera sofrimento no início, mas cabe muito bem ao nosso mundo atual o desvencilhar das regras de comportamento. Mudar é a regra. E estamos, como seres aprendizes do planeta, nos acostumando com a ideia de que não vivemos sozinhos na nossa casa, nem plantamos flores num quintal só nosso.
Que cada espaço seja ocupado para o bem de todos.
8/09/2015