De fato, Deus existe para os aflitos. Sou aflita. Deus existe porque nele creio como um ser superior sem forma definida, sem barba, sem cajado ou cabelos eriçados. Deus não me aponta o seu enorme dedo acusador. Deus me sustenta na sua grandiosidade que movimenta o universo; na criação dos planetas e na vida que se esgueira sobre eles; no aperfeiçoamento das raças que compõem o cenário da evolução, desde uma célula até o espírito luminoso que um dia seremos.
Sim, porque nessa aflição que me rege, vivo para não ceder aos deslizes que uma religião serena e que me leva ao eterno me ensinaram que não devo ceder.
Preciso da crença no ser superior porque ainda sou uma humana cabeluda, cheia de defeitos e implorando para seguir por caminhos menos tortuosos. Preciso do ilusório semblante do conjunto de nebulosas, estrelas, buracos negros, sóis, cometas e toda a estrutura dos planetas para entender o mundo que me foi dado viver. Nessa junção de tantas invenções, está o Deus que creio. Ele inspira meus mais secretos desejos e anseios de libertação do meu espírito. Ele é o regulador das sintonias da vida mais ínfima ao inquestionável poder do cérebro humano, dirigido pelo nosso espírito imortal.
Para onde vamos? De onde viemos?
A conexão do ser com o divino é antiga.
Sabemos da existência de uma supremacia que nos afaga e nos ajuda na condução do nosso livre arbítrio desde tempos imemoriais. Cada um de nós é a unidade importante para o conjunto da obra de um aliciador de seres para a elevação moral dos iluminados.
Sou aflita porque preciso me sentir inserida no universo desse ser superior e protegida pela escola que Ele criou a fim de que todos nos déssemos bem nas provas que a vida nos ensina a vivenciar.
Desta forma, temos sim nossa própria condição de liberdade de pensamento e abstenção do significado de pertencer a um Deus. Livre arbítrio serve para nos direcionarmos por qual caminho seja o escolhido por nossa vontade. Deus está além disso. Ele está no fim da fila, orquestrando uma sinfonia onde todos os instrumentos tocam com a suavidade dos acordes afinados.
22/12/2016