Por enquanto, ela é cor de rosa. Mal abriu os olhinhos ainda inchados pelo sono acolhedor na barriga da mamãe. Mexe as mãozinhas como num devaneio em busca de um aconchego. Às vezes, chupa os dedinhos e choraminga : é hora de mamar um pouquinho, bem pouquinho. Ela olha fixamente o papai e, mamando, adormece no colo quentinho da mamãe.
Por enquanto, ela é um ser humaninho de 46,5 cm e se espreguiça com braços e pernas diminutos, num movimento quase híbrido de água e ar. Num movimento único, cruzou as mãozinhas como em prece. E em prece olho para esta novidade que surgiu na minha vida, arrastando para o mais íntimo do meu coração um precioso vínculo de afeição.
Num instante, tudo parece ter sido contaminado pela pureza desta pequenina, nada parecido com algo que tenha vivido.
Por enquanto, cor de rosinha que é, ela espalha luz nos gestos mínimos, na comunicação de resmungos e chorinhos esganiçados, no pequeno reconhecimento que faz da vida que escolheu viver.
É só o começo, querida Marina. Mais adiante, a cada passo que der, estarei na retaguarda, admirando o seu florescer.
Seja bem-vinda no meu jardim, pequena flor.

21/05/2017