Este período eleitoral sangrento e bem pouco produtivo me ensinou algumas coisas.
As 24 horas de cada dia são poucas para repetidas ofensas em posts prontos para embalagem, tipo: “vc, petista, ou é burro ou é ladrão” ; conversar com petista é igual a jogar xadrez com pombo...e trá-lá-lá ; petista é tudo fdp e bandido”... Muitas ofensas. E pessoais! Porque se sou petista desde a fundação do partido, sinto-me ofendida com a colagem de frases que não me espelham.
Se, para os que postam coisas agressivas, a política é pra fazer piada, eu sinto muito, não é o resultado que estamos obtendo, pela circulação de ansiedade geral. Ou, se é sério, que pena! Descubro a cada minuto o pior das pessoas!
A legitimação da fala ofensiva é o primeiro degrau para o caos social. A constatação de que “tudo posso, porque respaldo tenho” é o espaço de que o cidadão precisa para fazer parte da força.
Digo isso, porque este é o foco das minhas escolhas: contra quaisquer ditaduras, não aceito o direito suprimido. E se vc disser que - num governo em que há a licença para matar - os que andam na linha, são “família e de bons costumes”, não terão problemas com a autoridade policial dilatada, desculpem, mas não vi funcionar assim.
Vivenciei um caso de prisão irregular, em 1985, em que o amigo foi retirado algemado do seu trabalho, por suposto crime. Ficou perdido nos porões do ainda existente Dops e, estripulias mais tarde, descoberto o erro: era homônimo do transgressor e, mesmo assim, sem ter chance de defesa, foi enclausurado, sem ter cometido crime algum.
Nas estruturas de um governo que não preza os direitos humanos, o perigo não ronda só o infrator. Persegue a todos que não obedecem a cartilha que exclui o “pensar”.
O erro que o PT cometeu - ao se embrenhar em tudo pelo qual lutava contra na política nacional e atos de corrupção - não pode ser maior do que a quebra de laços com a democracia.
Basta abrir um mapa da tessitura social dos últimos anos para compreender que os passos foram dados e que a progressão foi feita, econômica e socialmente. Não podemos deixar que o retrocesso intelectual abranja o impulso que foi dado até agora.
A economia se recupera, anda de mãos dadas com o mundo globalizado. Mas o dirigente que negligencia a individualidade e a crença em valores universais de boa vizinhança é um fator de risco para o sistema que caminha para o bem comum.
Na esperança de ter sido clara, venho, de todo coração, me fazer entender no contexto atual da campanha suja que estamos vivendo.
E aprendi mais: em 1964, houve um golpe militar. Em 2018 está-se escolhendo, pelo voto, o caminho não para uma ditadura, mas para uma fatal perda de direitos conquistados nas últimas décadas, a duras penas.
Silmara
19/10/2018