Somando prós e contras, livrei- me da culpa de certos preconceitos .
A abordagem principal de uma conversa reflete o que somos, como somos e o que fazemos para não passarmos pra frente o que realmente somos.
Ter preconceito significa excluir o que existe no planeta e fazer de conta que não existe.
Ter preconceito significa não somar.
Abordemos, então, o “livrar-me da culpa “.
NÃO quero excluir do planeta:
- negros, judeus, muçulmanos, gays, e o que mais ? Não consigo me lembrar porque não faz parte de minha vida pensar na possibilidade de não viver na diversidade, na coletividade , na prosperidade e no conjunto de idéias. Portanto, não sou preconceituosa.
QUERO excluir do planeta:
- fome, insetos, armas, poeira e gente chata.
Explico :
A fome é um retrocesso na nossa civilização. Ela guarda resquícios de um mundo onde o poder é visto com a mesa recheada de confeitos e, para se ter esses recheios, é preciso lesar alguém. Isso é feito pelos governos corruptos, amorais e cuja visão se estende a poucos centímetros do próprio nariz. Correto seria afirmar que, em nosso planeta, não existe um único lugar onde não exista a fome. Alguns mais, outros menos, nas estatísticas mais ou menos confiáveis. Projeto para acabar com a fome? Moralidade governamental, nada de doação do povo. Somos todos países capazes de incentivar comunidades, sejam elas tribais ou organizadas em cidades estruturadas, a criar qualidade de vida. A idade média na Europa já deu a sua contribuição para nos mostrar que, enquanto passava-se fome por lá, nos idos do feudalismo, nossos índios não passavam fome por aqui. Cada um na sua. E até hoje não aprendemos a desviar dos problemas passados para semearmos um futuro digno. Poder de reis, príncipes, duques, condes? Temos até hoje. Feudalismo? Sim, transfomados em instituições cujos políticos se apoderam e desviam do seu destino final, que é gerir a população. Com a ingerência, temos um fator crescente : sem educação, absorve-se pouca informação; saúde deficiente, impossibilidade para o trabalho = FOME.
Quanto aos insetos, é mais ou menos assim : dengue tinha que ser coisa do passado. Pernilongo tinha que picar a mãe dele. Barata devia ter vergonha do que é e acabar com a própria raça. Traça deveria evoluir e , em vez de comer a roupa dos outros, comer formiga. Formiga tinha que ter consciência de que tem condições de ter casa própria e nem chegar perto da nossa. Aranha pra quê ? Alguém vai chegar e me dizer que todos estes insetos são alimento para outros bichos. Sapos ? Lagartixas? Pra quê?
Agora, armas : nem preciso explicar muito, já que está explícito que arma, para mim, nem pra matar inseto. As armas são um complemento da mesquinharia, da resolução urgente de assuntos que demandam paciência e educação. Qualquer arma deveria estar em exposição num museu, apenas como lembrança de um passado de homens ainda imperfeitos. Temos que perseguir a perfeição.
Poeira ? Ah, simples. Se não tivesse poeira, o serviço de casa renderia bem mais.
Tópico final : gente chata.
Gente chata é um assunto polêmico. Aquilo que é chato para mim, não o é para os outros. Não tem importância: o que vai valer aqui é o que eu acho, porque eu estou escrevendo.
Gente chata começa com aquele ser que se acha o máximo. Ëu sou, eu posso, eu quero , eu faço”.... Na verdade, ninguém é nada, pode nada, quer nada e faz nada. Sozinho, claro.
Mas gente chata acha que tudo o que faz é melhor, que gasta mais, que gasta menos, que pode mais, que pode menos ( se o menos for de acordo ) .
Entra aqui a história do “coisa de rico e coisa de pobre “.
E entra, aqui, também, a história do preconceito.
Gente chata rica anda de metrô em Paris e Nova Iorque, mas nunca andou no metrô de São Paulo. Para mim, o único metrô digno de ser visitado e passeado é o de Moscou.... Gente chata rica vira enóloga de uma semana para outra – conhece vinhos insuportavelmente caros e maravilhosos e não tem vergonha de falar que os conhece . Virei adepta da cerveja em função destes casos. Gente chata rica compra qualquer coisa no exterior e, só porque é de fora do Brasil, tem certeza que é melhor.
Gente chata pobre tem dois lados : ou é chata porque fala sempre que é pobre, ou só fala de coisas que estão além das posses reais. Indignação.
No quesito gente chata rica + quesito gente chata pobre há coisas interessantes: não dá certo. Não há convivência e uma acha a outra chata. Uma isola a outra.
O melhor disso tudo, enfim, é ficar no meio.
Seguir o melhor da riqueza , que é deixar tudo organizado, usufruir do melhor que se pode e aprender com o que se conseguiu fazer e ter. Seguir o melhor da liberdade de expressão do pobre, que não dissimula defeitos e acha bonito repetir na própria casa o efeito que dá uma mesa limpinha e bem arrumada, que viu na casa do rico.
Melhor é estudar bastante, aprender muito - depois que o governo bem intencionado deixar a casa em ordem - e viver a saúde ok com os amigos ricos e pobres legais em volta da mesa bem arrumada.
Melhor é trabalhar bastante, correr atrás, entender as diferentes culturas que nos cercam e estender a mão sem prejuízo do que se é.
Ninguém se transforma no preconceito. Nossa mudança ocorre no pósconceito.
P.S. Estou me reeducando para adotar uma vespa.