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O REINADO DA DISCOTECA
O REINADO DA DISCOTECA

 

 

 

 

Para relembrar a época mais significativa da vida, é preciso mais do que as lembranças pouco nítidas que a memória consegue nos dizer. É necessário um desdobramento espiritual, por assim dizer, com toda a carga sentimental e explosiva que essa vivência nos proporcionou para ser o que somos hoje. Passados tantos anos, relembrar os tempos da Kanguru é soletrar a palavra "amor" com letras maiúsculas e cheias de purpurina. Nos saltos da babucha (?) e da meia de lurex, saíam os altos passos na pista. Na calça jeans desbotada e na camisa de seda, outros tantos caprichos volitavam no salão efervescente que envolvia nossa corrente sanguínea. Era realmente o máximo. A expectativa do final de semana bulia com os poros e tornava-se o assunto de cada dia. No cinema, era John Travolta que dançava nos Embalos, mas todos queríamos que seus pés fossem os nossos. Os trejeitos maneiros eram dele, o Tony Manero, que sacudia o mundo com o suingue da discoteca. E ela, a discoteca, transformou o mundo para melhor. Nela, tudo era permitido e bem-vindo. A sociedade era outra e as drag queens ganharam a passarela. Todo mundo fumava em qualquer lugar e nada era contido. O politicamente correto ainda não existia e era correto tudo o que se permitisse.
Na onda, todos soltávamos as asas e entrávamos na festa. Cair na gandaia virou expressão de alegria e bem estar.
Em cada cidade, em cada canto, as discotecas viraram a febre que todos queriam. Nada mais divertido e simples: um lugar onde todos se encontravam para dançar e se conhecer, namorar e sonhar.
Na festa de Nos Tempos da Brilhantina, ri mais que hiena e dancei até rasgar o vestido. Tudo extremamente viável e natural. Isso tudo porque, à época, ainda não bebia. Imaginem se já bebesse...
Ah, foram tempos coloridos! A nuance das cores das estações naqueles anos de 77/78/79/80 foram dignas de arco-íris, com pote de ouro no final. Marcaram minha vida profundamente e fizeram de mim uma eterna adolescente de recordações.
Jamais, em tempo algum, terei tido mais cores do que me lembro nos dias vividos.
Viva a Kanguru e seu reinado!

 

 

 

18/12/2016