A RAINHA DE COPAS DO JABOR
A RAINHA DE COPAS DO JABOR

 

Tenho algumas limitações para entender o pensamento de certas pessoas. 
Hoje, assistindo ao Jornal da Globo, escutei Arnaldo Jabor dando seu parecer sobre os ataques americanos na região da Síria onde estão aninhados os integrantes do grupo terrorista Estado Islâmico. Ele também tem as dificuldades dele em aceitar a proposta de negociação política que o nosso governo prefere expôr ao mundo em vez de bombardeios que só levarão a uma guerra cruenta e sem fim. Ele também mistura alhos e bugalhos, dizendo desta "persistente cultura bolivariana", que a Cristina Kirschner pode até seguir, Nicolás Maduro divulga a fortes brados, porque fazem parte dos domínios espanhóis e entendem de Simon Bolívar.
De nosso lado, no entanto, pouco nos enfronhamos neste fundamento histórico-partidário que transformou a América Latina num conluio de desastres que não me apetecem. O Brasil, que eu saiba, tem seu Lampião e sua Maria Bonita. Não me lembro de nenhum herói que tivesse marcado presença em nossas terras e realizado a união do nosso território com guerras e sangue derramado e por ele tivéssemos um dia especial , a não ser Tiradentes, mas o sangue derramado foi o dele próprio. E assim o tivéssemos em conta o suficiente para louvá-lo com um ideal partidário sério. 
Arnaldo Jabor diz, então, que esta tal cultura "bolivariana"na qual o Brasil está embrulhado quer destruir as grandes potências e acha que, partindo do princípio que os terroristas são contra o "mal ocidental", eles teriam idéias parecidas com as do terceiro mundo e, portanto, amigos. Daí, a conclusão sublime do articulista, a de o governo brasileiro não concordar com os ataques e envio de tropas dos aliados contra o terrorismo porque os terroristas são considerados "amigos" pela presidenta Dilma.
Mais adiante, ele retoma o bom senso (na minha opinião, óbvio) e fala o que o planeta já ficou até careca de tanto saber: o Obama prometeu que não voltaria com as tropas a nenhum país do Oriente Médio.
Acontece que o povo americano tem tesão por tropas e guerras e adora um homem-bomba e ataques aéreos. Os "likes" para o presidente Obama estão caindo e ele resolveu soltar seus homens para lutar e correr com câmeras nos fuzis para que a guerra seja ao vivo e com estrondos bastante audíveis. Uma guerra herdada das confusões do outro presidente, o Bush filho, que entrou na Casa Branca com o viagra do papai George. Estes governos todos armaram e ensinaram técnicas de guerrilha aos inimigos de Saddam Hussein. A cada momento, como o Oriente Médio é bem antigo e com tradições e etnias e inimigos e tribos bem diferentes entre si no trato com a leitura dos ensinamentos de Maomé e trazem no sangue a altivez da própria origem, há lutas e discenções próprias de grupos que querem o poder. Quando um é contra e está armado, mata o outro e se torna o maldoso da vez. Hoje, não há só o Estado Islâmico como grupo armado e chamado de terrorista. Existem vários grupos como este, mas que estão sendo vistos pelos aliados ocidentais como aliados no combate ao grupo que atualmente está estourando a boca do balão e cortando cabeças, como a Rainha de Copas da Alice. Amanhã, estes supostos aliados se armam com a ajuda dos aliados ocidentais e revertem o jogo, tornando-se o novo terror. A Al-Qaeda está esquecida, mas ela existe e subdividida. Não demora e estará nos noticiários outra vez.
Voltando ao articulista, cansei dele porque misturar não dá muito certo. O Brasil não tem histórico de envolvimento com guerras por gosto próprio. Somos um povo que não tem memória de guerra. Enfim, não é de hoje e nem do atual governo estas medidas singelas de não botar fogo no puteiro alheio. 
Arnaldo Jabor critica a posição brasileira de achar uma solução conversando. Então ele aprova bombardeios, invasões, olho-por-olho, dente-por-dente. 
Se isso tudo resolvesse, estas trágicas decapitações não teriam sido inventadas como o mais novo modus operandi do mais novo radicalismo islâmico.
Cansei.
26/09/2014