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NOVOS PASSOS
NOVOS PASSOS

Historicamente, as fases pelas quais o ser humano passa são sempre as mesmas.

São como ondas que vêm e vão, embora com o acréscimo natural do conhecimento que o intervalo entre elas adere ao complexo e lento avanço do homem.

Mas há que ser assim. Para se chegar ao completo entendimento do que se quer, é preciso amadurecer idéias, conflitos, acordos. Tudo o que é feito e aceito com rapidez não gruda, não é captado com a devida exatidão. Passos dados com planejamento são eficazes e duráveis. Tropeços acontecem quando o ponto a que se quer chegar não é revisto e atado por nós firmes e com as cordas certas.

Na História que conhecemos, as pessoas sempre se juntaram para conquistar direitos.

Houve reunião, grito, luta e morte. Embora as estatísticas só passassem a existir no século XX, há relatos de tudo quanto lutou-se e adquiriu-se no decorrer do tempo – mortos mesmo, antes delas, sabia-se à epoca antiga do mesmo modo como se contava gado.

Em cada lugar do mundo, a luta do homem fez parte de um contexto dentro da civilização. Foi a luta que transformou o homem de ontem no homem de hoje.

E hoje ? O que vemos do mundo de agora que o diferencia do mundo de ontem, quando as idéias só as sabemos através das idéias de alguém que pode ter entendido as idéias do agrupamento de forma diversa ? Globalizar não é simplificar os continentes e, dentro deles, cada país, cada povo formado por uma mesma cultura. Globalizar é entender a forma como cada grupo de um mesmo país pensa e, assim, tirar conclusões sobre a base na qual se formou este país.

Mero desprezo imaginar que um mesmo direito reinvindicado nos Estados Unidos possa ter igual desdobramento aqui ou na China. Desfecho trágico pode ter com os chineses se o seu bilhão de pessoas resolver se manifestar com agressão. Desfecho ruim para os americanos que saíram às ruas e impuseram com mortes a sua negativa com a liberdade do branco que matou o adolescente negro. Desfecho interessante este o do nosso país, que sai às ruas aos milhares e pede com cartolinas em punho.

Bilhetes? Recados. Nosso país está mandando recados, como mandaram à Maria Antonieta. Nosso povo se junta à porta do palácio, como fizeram em Versalhes. Começa sempre com o pão. Depois vem a Revolução.

Unindo a Revolução Francesa com o processo constante de evolução dos pedidos que o ser humano tem a fazer, atravessamos dois séculos de imagens que pouco distoam, mas categoricamente chegaram a um ponto bem melhor. A cada pensamento e jeito de ser de um povo, o seu naco de vitória. Não se pode querer de brasileiros que pouco têm diferenças, que se manifestem como os egípcios na Praça Tahir. Nós não temos diferenças que nos impedem de conviver uns com os outros, seja sob ideais políticos, religiosos ou raciais. Nós somos um povo que, desde o seu descobrimento, vem sendo mesclado com as mais diversas origens e não temos o direito de questionar a origem seja de quem for. E assim somos. Lentos. Ou educados. Ou talvez deseducados. Mas palpita dentro desta origem trançada de índios, europeus e negros a cultura do bem conviver. E, por isso mesmo, lenta.

Nesta suposta confusão que parecemos viver nestes dias de intensos debates, a compreensão de que é preciso assimilar e delinear os passos para que haja a transformação que todos queremos, está em pauta. Nada foi jogado fora. Enganamo-nos ao pensar que, acalmadas as manifestações, tudo volta à estaca zero. Passos dados e palavras ditas não têm retorno sem que alguma semente tenha sido plantada na mente de cada um.

Ao tirar proveito do bom mocismo que avança sobre a grande massa, recolhemo-nos para refletir sobre como melhorar o nosso mundo de acordo com os meios que temos e sabemos usar. Nada como imaginar nosso país mudado, em vinte ou trinta anos, em muitas das coisas que reinvindicamos hoje. Nada melhor que imaginar lições assimiladas com profundidade e paz , em vez de lutas e confrontos vorazes que só geram conflitos a longo prazo.

Somos assim – o ditado popular “Devagar se vai longe” é o retrato da nossa evolução como brasileiros.