Eita povo sem noção, hein?
Credo.
E eu, rainha da esperança, achando que as pessoas são normais???
Mas não. Não é bem assim.
Não é por justiça social que pouco menos da metade do eleitorado brasileiro clama: eles xingam preto, chamam nordestino de vagabundo, querem que o pobre não tenha instrução, que preso seja excluído da sociedade, que o próprio celular seja poupado de furto e que o meio ambiente é só o seu recanto de férias.
A central de informações se resume no zap. Ali tem de tudo: prisão de ministro, eleição fraudada, oração pelo mito, a próxima mobilização para pedir intervenção militar, os “sucessos” do governo (“compartilhar sem dó”), tradução livre do discurso de 2 minutos do presidente e a repetição do mantra luladrão.
Coisa de criança. Criança não. Estou sendo injusta com as crianças. Crianças crescem e aprendem. Esta porcentagem do eleitorado não aprende e está fadada a ficar mil anos sem aprender se continuar a não ouvir outros discursos e ideias.
Hoje ouvi um áudio com voz de mulher dizendo que era pra ignorar o que o mundo estava falando sobre as eleições no Brasil porque “todos lá fora são comunistas e não entendem o que está acontecendo aqui dentro”. Básico. No final, ela pede orações para o presidente porque ele entende tudo, sabe o que está fazendo e “estamos esperando as suas ordens”. Mais ou menos isso.
Uma loucura, porque nada é por via oficial e em tudo se acredita.
Em um país onde se viveu quase a metade do século XX entre golpes e ditaduras, ter conseguido sobreviver por 34 anos sem rasgar a constituição é uma conquista! É imperdoável que uma mente insana queira jogar pro alto todo o esforço despendido em prol da democracia.
Entre nordeste, sul, norte, Sudeste e centro-leste, eu prefiro todas as regiões entrelaçadas e nunca estremecidas. Pessoas não deveriam passar fome. Não consigo achar um ser humano diferente de mim. Não me passa imaginar que uma pessoa que pagou seus crimes numa prisão não possa ser reinserida na sociedade. Essas últimas frases que citei batem com princípios cristãos, se a gente quiser aqui fazer analogia com religião. Se o Brasil é laico, nem precisa. Mas quando as mesmas frases são contestadas diariamente por episódios de racismo, violência verbal contra migrantes ou discriminação dos direitos das pessoas, isso nem cheira religioso.
Quando a gente elimina a razão, a ciência das coisas - às vezes inconscientemente - as nuvens da ilusão invadem o campo mais precioso do nosso arbítrio, que é o discernimento. Daí acreditar em contos da carochinha e zaps mal informados.
E óia eu aqui, rainha da esperança, desacreditando no ser humano porque este projeto autoritário que alguns sonham não cola no preceito cristão que pregam.
É contra a democracia “ditar” um país. Um país precisa de gente que raciocina para fazer um país de paz.

novembro 2022