No dia 29 de junho, duas notícias voltavam no tempo: uma, do deputado que se entregou à Polícia Federal e outra, que explicava a queda da Bovespa .
Ambas retornavam aos anos 70.
Adorei.
Não as notícias em si, mas o foco da época.
Anos 70, para mim, costuma vir com ares psicodélicos.
As lembranças assumem um colorido que vem do céu – que me lembro sempre azul – , chegando às cores das roupas, às falas das amigas, aos cheiros de cantina de escola, de cadernos em sala de aula, de piscina de clube. Tudo vem na lembrança com cor.
Lembro-me de cinema, de livro, de John Travolta e de música. Os sons, então, falam como se contassem histórias – músicas ressuscitam mortos, enchem o coração, preenchem espaços vazios, repõem a serotonina no lugar certo.
Passos de dança, a adolescência no seu início, as amizades se formando e pessoas cumprindo um papel essencial na vida de qualquer um: fisionomias gravadas para sempre na memória, amizades que levaremos além túmulo – mesmo com a distância física dos anos.
O psicodélico, hoje, voltou nas cores, na decoração, nas roupas. Mas nada é comparável aos anos vividos como preparação para a década seguinte, que conspirou para a transformação das idéias.
Independentemente de quaisquer ideologias que marcaram a época, a sensação do politicamente incorreto é o que mais me agrada. Tudo era legal ! Legal na lei e legal porque era legal mesmo ! A idéia de parecer diferente era diferente da idéia de ser diferente hoje. Nada era na porrada. Não me lembro de ter presenciado mais do que uma briga até sair do circuito festivo, ao me casar.
Assim sendo, suspiro de saudades.
Criei um mundo particular onde me recolho em alguns momentos e busco energias para envelhecer a cada dia, como acontece com todo ser vivo. Mas este mundo é hiper criativo, colorido, cheio de risadas e feições e gentes que jamais esqueço.
É um mundo de saudade, sim, mas repleto de grandes alegrias.
Em tempo : adorei que o deputado foi preso e que a Bolsa caiu. Dane-se.