São naturais os pensamentos
que se fixam num ponto determinado.
São naturais, também, os pontos que flutuam,
partem-se em fragmentos orientados
e se expõem sob determinada posição.
São enigmáticos os prazeres imcompreensíveis
da mente que se mete em buscas intangíveis,
em metas flutuantes.
Aceitar sentimentos é intrigante...
São neutros os momentos de caos;
São originárias da emoção as perguntas
e parte da intuição as respostas.
São conversas excêntricas as isentas de diálogo
São perversas as exposições ao cotidiano
São os sorrisos profanos
os que mais sorriem...
São as poucas lágrimas as que mais choram
São os porquês menos exigentes os que mais explicam
As explicações mais sérias as que mais complicam.
Só mágicos traduzem as múltiplas faces da personalidade humana...
São as luzes brandas as que mais iluminam,
a escuridão completa a que mais vê.
São as equações incompletas as que resultam num quê
que transcende para a comunhão eterna.
São os vazios os senhores da descoberta
Os nadas a questão do querer
São os passos a razão da caminhada
E a indiferença o que mais faz sofrer.
São uns ... são outros...
São mornas manhãs questionando o amanhã,
Noites em busca do dia seguinte.
São olhos pálidos a olhar ou não
e submetida à dura realidade, a razão.
São sentimentos sem pressa
e corro em sua direção.
São marionetes sem vida
esperando o movimento, a ação.
São poemas longos, um tema absoluto...
As esperas contínuas, olhares que cegam : o apego fatal
São dedos a tocar o copo, olhares que pecam.
Momentos ... mais que saudade
Aparições, desesperanças, enganos
Chuva, luz, o pulsar do coração batendo suave,
esperando a hora de revelar ...
São amores... e que amor !
A espera queima, o hálito combina,
As lembranças são nítidas, a visão repentina
da vida recorrendo às taças :
leve brinde que, num rompante, abraça.
São amores... e que amor !
São pontes que facilitam a passagem da dor
São confissões a serem repelidas e
o próximo suspiro a ser dissimulado ...
A pena por ser um ser comum, dissociado.
Frases lidas. E o poema impensado.
Repete o vício da imagem que fulmina
Gritos de alegria, confete e serpentina
Ritmo e silêncio de covardia :
são palavras que antecedem o dia,
são prisões e a cadeia aberta,
semáforo cuja luz alerta,
passagem neutra, nítido vai-e-vem.
São coisas simples,
lances mínimos que refletem alguém.
São beijos de boa noite e eu o beijo também.
Texto escrito em abril de 1982.