Se eu escrevesse sobre a violência contra a mulher e estupros coletivos, estaria falando do óbvio. Mas o que é óbvio hoje em dia? O que significa respeito e civilidade atualmente? Estamos numa barca furada a tiros pela sociedade dizimada pela crueldade. Entranhados nesta jaula de leões ativos, quase comungamos com a naturalidade com que atos como o estupro, coletivo ou não, deu para crescer neste mundo de lógica às avessas. Falar sobre como os meninos devem ser criados, respeitando o próximo - seja de que gênero for - é o mínimo que pais e mães devem fazer pelos filhos, como parte visceral que são como responsáveis pelo crescimento de cidadãos felizes e educados para o bem geral. Não existe papo que convenha com a depreciação de meninas que se drogam ou que usam mini saias. Não existe termo que delimite a força do mal quando ele acontece. Existe, sim, a lei dos grandes infortúnios: se vc está com um celular abanando na mão, em alguns lugares, vc corre o risco de ser furtado; se está numa favela onde o tráfico impera, vc corre o risco de levar um tiro; se está num banco, corre o risco de ser roubado e machucado na saída. Mas ser estuprado não está na conta de ninguém. Não passa pela cabeça que possa existir tamanha violência pensada, pesquisada, não autorizada e demente.
Portanto, o óbvio. Mas o óbvio está na moda. Está na onda ser óbvio e praticar atos delituosos; está na onda ser politicamente correto com a vida dos outros e esquecer da própria; está no auge rezar uma ave-maria e extorquir os direitos.
Ponto.

2016