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FAKE NEWS X CIDADANIA
FAKE NEWS X CIDADANIA

 

 


Tenho que dizer a mim mesma, para minha própria sanidade mental, que não é o isolamento de quatorze dias que está me deixando maluca.

De coração apertado, fico indignada com aqueles que ainda não entenderam, ou estão chocados, ou se informam erroneamente, ou estão em processo de negação, ou vivem no mundo da lua quando a questão é o caos que estamos vivendo.

Acredito que sejam informações com defeito que entram em cabeças com defeito.

O mundo é interligado de diversas formas pela tecnologia. Não há sequer um pequeno acontecimento que não gire pelas redes em vídeos e textos. Isso é maravilhoso, incrível, mas precisa de leitura consciente!

É preciso discernimento para que as notícias e os estudos elevem o conhecimento. Se não for assim, o residual se transforma num monstro que engole o bom senso.

E “bom senso” é um artigo de luxo nestes dias de pandemia.

Eu vejo países se curvarem diante da dor, do desespero e da luta contra um vírus que mina as ações de qualquer sistema de saúde pelo tanto que exige de aparelhos e pela demora no seu uso com pacientes graves. A luta é contra o tempo. A luta é para salvar vidas.

Ao elevar o nível da doença para “pandemia”, o alerta é dado ao mundo.

O Estado, então, tem o dever de prevenir os seus cidadãos e iniciar ações que diminuam o sofrimento de todos.

Isso é política.

A política nasceu com os primeiros agrupamentos humanos.

O ser humano é político.

Não se desvincula política da vida de todo dia.

Não há sequer um só momento em que a política não esteja envolvida.

Vivemos em comunidade, precisamos de lideranças que nos apontem rumos e que nos representem como povo.

Esta onda amarga de ódio, iniciada há mais ou menos quatro anos, tem levado as pessoas a imaginarem coisas. As teorias da conspiração chegam às raias da loucura. O alimento para as teorias da conspiração, no entanto, chegam através das notícias falsas, que invadem WhatsApps, redes sociais e até emissoras de televisão e programas de rádio.

Para mim, esta desonestidade intelectual, grosseira e sórdida, acaba por desordenar toda a estrutura moral de um país.

Vivemos isso hoje.

Temos pessoas malucas fazendo carreata contra a proposta de isolamento social feita pelo Ministro da Saúde. Não devem nem saber explicar coerentemente a razão da desobediência, porque apoiam o presidente ( que não quer o confinamento), mas desobedecem o ministro da saúde indicado pelo presidente. Então eles saem às ruas para pedir o fim do confinamento, dentro de seus carros e pedem, no convite feito pelas redes sociais, que “não saiam dos carros, levem álcool gel e protejam-se”. Daí eles saem gritando “vai trabalhar, vagabundo”, sendo que é sabido que ninguém está sem trabalhar porque quer, mas porque há o impeditivo de uma crise sanitária....olha, já pensei tudo; nem consigo descrever as muitas indagações que povoaram minha cabeça...

A essência das notícias falsas está nos mil recortes de falas, datas suprimidas e um falatório mentiroso que chega a ser obsceno!

Na vã tentativa de se isolar da realidade, escuto nonsenses como “quero ver um noticiário com vivos, para nos dar esperança e não mortos, que me deprimem”, o que equivale a um voucher para o mundo da fantasia e um passe livre pra falar merda desinformada.

A busca pela informação correta, que não tenha sensacionalismo, não é fácil. Mas todas elas têm como ser reconhecidas: português errado, assunto fora do contexto, datas diferentes e etc.

A disseminação das fake news é um fator que deprime, irrita, desinforma, cria caos social, movimenta a roda ao contrário. Alguns dos governos atuais do planeta utilizaram este tipo de propaganda eleitoral para confundirem a cabeça do eleitor menos avisado. E menos avisado, talvez, porque entrou na onda do “quanto mais mentiras, melhor” ; sem enxergar os verdadeiros códigos morais dos candidatos; porque TALVEZ, no submundo das fake, tenha ficado menos apto a reconhecer os códigos morais verdadeiros. Em suma, divulgar fake news vai na contramão do ideal de cidadania.

Estamos vivendo um momento sério e não dá pra ir contra a maré. Ser do contra, atualmente, não é moralmente correto.

Espalhar vídeos, áudios e panfletinhos virtuais sem o mínimo de critério é chato.

Eu também sou chata, muito chata.

Mas faço uma triagem mental antes de falar qualquer merda.

Boa quarentena!

 

 

30/03/2020