Enfim, chegou o dia em que a farra termina.
Dia de eleição é um dia diferente dos dias anteriores a ela. Fazem parte da farra eleitoral todo tipo de bagunça, jogadas perigosas, falas malditas, mentiras bem ditas, palavras mal ouvidas e sons estrambólicos. Digo por mim, que não tenho memória curta nem sou radical, nem tenho ouvidos moucos nem odeio este ou aquele candidato. Sou uma eleitora fiel ao meu país e não esqueço seus deslizes, sua gangorra moral, seu modus operandi caboclo,sua garra canina para tirar o leite e o pão do dia de trabalho.
A farra termina hoje, primeiro turno de uma eleição como outras, em que o melhor de cada um é investido do poder de voto, de escolha, de digno pensar no futuro.
Mas erra quem pensa que eleger é pensar só no futuro. Eleger é voltar ao passado e ver o seu país como era antes e decidir o futuro lembrando das grandes questões que importunavam há dez, quinze anos o nosso dia-a-dia. O cotidiano pesa no momento eleitoral. A maior decisão é aquela que lembra dados importantes de um passado recente. Memória dos elementos que nos trouxeram até aqui sem os grandes revezes que atingiram a economia europeia e americana em 2008. As dificuldades pelas quais passamos são pequenas perto dos graves declínios sofridos por países tidos do primeiro mundo. Não desprezo meu país em nenhum momento e acho que a sua importância no cenário mundial é muito maior que o que dizem especialistas internos e externos. Viajando por este mundo afora, é possível reconhecer muito da nossa superioridade como país unido, com instituições corretas e em pleno funcionamento, sem problemas maiores que a economia no seu desce e sobe natural. Somos um país livre, laico e doce, devendo apenas esperar que a nossa cultura oligárquica vá desaparecendo aos poucos e nos surpreenda objetivando instituições mais sólidas ainda e com poder honesto de decisão própria de uma democracia plena, com os olhos do povo e para o povo. Persigo este tipo de ideia para somar, nunca dividir. Não grito, não blasfemo e não falo mal de nenhum candidato e nem desprezo as escolhas de cada um. Espero também que respeitem as minhas escolhas pois, da mesma forma que qualquer um, elas não foram feitas no auge da pirraça ou por um ódio histórico e sem fundamento. Cada um pensa do jeito que deve e o quanto pode.
O momento das eleições é único porque ultrapassa os nossos muros. Acabamos invadidos nos nossos diferenciais mais íntimos e passamos a expô-los; e esta invasão nos agride, sentimos que devemos partir para as linhas mais duras, as palavras mais arrojadas e duvidosas, porque expôr idéias e ser atirado na linha de fuzilamento não é obra que se aceite com facilidade. Mas é assim que aprendemos que palavras rudes e xingamentos não fazem a liderança. Assim , independentemente de um governo que criou mecanismos de abertura para que os mal feitos de suas próprias entranhas fossem investigados e processados, acolhi as mensagens que o colocaram como o governo mais corrupto da história, mesmo entendendo que não é bem assim. É o governo onde mais corruptos foram descobertos pela liberdade que foi dada à Polícia Federal de investigar.
Se fiquei triste com o Mensalão? Claro, como uma petista admitiria que o seu partido que nasceu para impedir erros chegasse ao mesmo degrau que um partido qualquer, pagando para garantir seus projetos? Era sabida esta prática palaciana, mas inadmissível que o Partido dos Trabalhadores assim procedesse. Mas assim foi e assim foram punidos. Que sejam punidos todos os mal feitos. Práticas erradas devem ser arrancadas pela raiz.
Afora isso, meu projeto de país não saiu totalmente fora dos eixos durante o período lulista. Meu país tirou muita gente da pobreza, elevou os degraus da classe média, empregos foram formalizados, leis importantíssimas criadas e que revolucionaram a sociedade. Não me queixo destas importantes questões.
Muita ainda há que ser feito. Mas o tempo traz os progressos na hora certa.
Votarei daqui a pouco com o meu coração esperançoso e, como sempre, voltado ao futuro, agora que já lancei meus olhos ao passado e pesquisei o que foi bom e ruim.
Votarei com a consciência de quem provou e viu muitas mudanças boas acontecerem, embora não pareçam para muita gente.
Espero que tenham um lindo dia. E que seja um dia de paz, como é de praxe num dia de eleição, no nosso país.
O nosso país é bem diferente de muitos, graças a Deus.
05 de outubro 2014.